Te digo porque você deve trabalhar de graça

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Des1gn ON | Trabalhar de graça - vantagens e desvantagens

Eu sei, eu sei! Dá até raiva só de pensar em gente que quer se aproveitar dos designers, não é verdade? Aquela história de: “ah! faz uma marquinha pra mim rapidinho…”

Eu já tentei, com muita boa vontade, entender que “rapidinho” (na visão deles) quer dizer: “Não capriche tanto, você tem bom gosto, o que você conseguir fazer está bom!”. Mas no fim a gente sabe que a coisa não funciona assim.

Trabalhar de graça? Então use a seu favor!

Agora, se você é freelancer e já ouviu algumas dessas propostas para “trabalhar de graça“, que tal inverter o jogo e ver alguns desses pedidos como boas oportunidades?

Seguem abaixo algumas 5 ideias que podem te ajudar a analisar cada caso.

5. Quando o trabalho tem investimento para impressão, mas não para criação, desconfie. Mas se servir para mostrar o seu trabalho, aproveite.

Des1gn ON | Trabalhar de graça - vantagens e desvantagens - Pedro Veneziano
Amaze | Pedro Veneziano

Não perca tempo pensando “Por que esse cliente pode pagar a gráfica, mas não o seu trabalho?“.

Vá direto para o pensamento seguinte:

Esse trabalho tem potencial para ser esteticamente bem construído e grande para valer a pena do ponto de vista da exposição que ele vai te dar como designer?

Imagine uma papelaria linda, ou uma fachada de loja bem feita, algo tangível, que possa ser fotografado e aproveitado para divulgar o seu trabalho por aí. Se for assim, pode ser um bom investimento para você.

4. Quando o trabalho permitir bastante liberdade de criação e experimentação, que seus clientes “normais” não te dariam.

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Colagem | Cacá França

Nesse caso, se você vê potencial (e um bom prazo) para experimentar colagens; pinturas; tipografias alternativas; produção fotográfica; montagens; etc, este pode ser um exercício profissional interessante para explorar técnicas diferentes e não ficar “enferrujado”, fazendo sempre o mesmo tipo de criação.

Um livro diferente, uma identidade visual artesanal ou até um cartaz mais ousado para um musical por exemplo, podem tirar você da rotina, te dar muita satisfação profissional e enriquecer o seu portfolio.

3. Quando em contrapartida você pode ter muita experiência nova.

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Sinalização | Cristiano Landa Prado

Sabe aquele trabalho que você nunca fez, mas saberia fazer (pelo menos em teoria)?

Há algumas áreas que já estudamos, mas precisamos colocar em prática com um cliente de verdade para ganhar experiência. Alguns exemplos são: design de sinalização para uma grande empresa, design de serviços, design de interfaces, etc.

Aí vale a pena deixar claro que você quer fazer um projeto de melhoria em parceria com a empresa e acompanhar os resultados.

Se você vir que o projeto trouxe um retorno positivo, pode ser um excelente case para a sua vida profissional e uma experiência válida para “solidificar” os seus conhecimentos.

2. Quando, em contrapartida, pode rolar uma divulgação da sua marca para um público que te interessa.

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Identidade Visual | Cristina Carrero

Você, patrocinando a divulgação de um evento, cujo público só vai dizer “ai que bonitinho” e olhe lá? Fuja! Não vale a pena.

Mas se o público é, por exemplo, composto por empresários, administradores ou profissionais de marketing, pode ser um bom momento para “trabalhar de graça”. Esses empreendedores estão sempre buscando profissionais criativos que possam impulsionar suas ideias.

Mas não se esqueça de negociar a forma como a sua marca vai aparecer. Coisas como colocar um simples cartão de visita seu no kit do evento pode ser uma boa ideia.

1. Quando o seu trabalho vai apoiar uma causa em que você acredita.

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Pura Vida | Aldana Martin

Aí é só pensar na realização pessoal em ver que o seu trabalho ajudou a alcançar os objetivos de uma causa que você acredita. Isso não tem preço.

Sugestão: Ao aceitar um trabalho, envie uma fatura, onde consta o valor do serviço que você estará oferecendo àquela empresa/pessoa de presente. Esse gesto vai valorizar a sua participação como profissional, pois você estará dizendo “oficialmente” que aquele trabalho tem um valor X, mas que você optou por não cobrar, porque identificou uma oportunidade de parceria interessante. Assim ninguém vai desvalorizar a “categoria” de designers, nem você (como profissional) e seu trabalho.

Conclusão

Trabalhar de graça também tem o lado positivo e pode vir a acrescentar em seu portfólio e, também, aumentar sua visibilidade e oportunidades.

Analise se em contrapartida você terá algum tipo de crescimento, exposição ou realização pessoal com o trabalho. Sem identificar isso, o trabalho pode se tornar muito desgastante ou frustrante.

E você? Já trabalhou alguma vez de graça? Conte sua experiência para nós, e será legal compartilhar a história com outros designers.

 

5 comments
  1. “5. Quando o trabalho tem investimento para impressão, mas não para criação, desconfie. Mas se servir para mostrar o seu trabalho, aproveite.”

    Rídiculo. Quer mostrar seu trabalho? Faça uma página no facebook, publique seu site ou tenha um portfolio no behance. O cliente que se aproxima de você sugerindo que trabalhe de graça por exposição, é simplesmente mais um que quer alavancar um projeto próprio as suas custas. Se o cliente for a Apple e o trabalho for significativo, sim, pode trabalhar de graça que a exposição valerá a pena. Mas seu cliente não é a Apple, então cobre.

    “4. Quando o trabalho permitir bastante liberdade de criação e experimentação, que seus clientes “normais” não te dariam.” Se quer experimentar técnicas novas, faça um projeto pessoal. Vá trabalhar sua marca ou trabalhe para divulgar uma causa ou projeto em que acredita. Liberdade de criação é a coisa mais fácil de conseguir. Você está livre para criar o que te der na telha. Não precisa de alguém te dando ordens para conseguir isso.

    “3. Quando em contrapartida você pode ter muita experiência nova.” Na boa, isso é para profissional com baixa auto confiança. Se você não quer cobrar para atuar em um projeto em que tem pouca experiência, significa que você não tem confiança de que irá entregar um bom trabalho. Se não tem confiança em fazer um bom trabalho, não deveria aceitar o trabalho para início de conversa. Se acha que mesmo tendo pouco experiência conseguirá vencer o desafio e entregar um trabalho de qualidade, cobre. Cobre mais barato mas cobre.

    “2. Quando, em contrapartida, pode rolar uma divulgação da sua marca para um público que te interessa.” Concordo. Mas deve se tomar cuidado mesmo assim. Picaretas estão em toda parte. Estamos no Brasil. O presidente é um picareta.

    “1. Quando o seu trabalho vai apoiar uma causa em que você acredita.” Concordo.

    1. Olá Danilo! tudo bem?
      Obrigada pelo seu comentário. É ótimo ter pontos de vista diferentes para gente poder analisar a questão. Sobre o item 5, concordo que quanto maior o cliente mais vale a pena a trabalhar de graça e também já estava partindo do pressuposto de que o designer já tem facebook, site e portfólio super bem construídos. Porém alguns trabalhos oferecem a oportunidade de contatos e uma exposição que realmente vale a pena. Já fiz um material para uma escola de dança por exemplo. O espetáculo recebeu mais de 2000 pessoas e me rendeu pelo menos 2 novos clientes que me pediram vários trabalhos. O “custo” desses novos clientes foi o trabalho que eu não cobrei… mas o lucro foi bem maior (sem contar a divulgação da marca).

      Sobre o item 4, também concordo com vc. É uma otima ideia estar totalmente livre para experimentar. Super legal treinar com uma causa que acreditamos também. Mas realmente não encaro meus clientes como “alguém me dando ordens”, encaro como alguém que quer viabilizar determinado projeto, que realmente vai se concretizar e que tem como característica algo diferente do meu trabalho corriqueiro… eu toparia para experimentar coisas novas, mas com pré-requisitos e limitações reais no projeto (isso pra mim é desafiador) e porque também gosto de ver o projeto “na rua”, ou seja, já que vou investir tempo, que seja de verdade, atendendo uma necessidade real para ser útil, sabe como? e aí sim, iria para o behance e outras plataformas, claro…

      Sobre o item 3, estava falando de experiência nova mesmo. Nunca trabalhei por exemplo com design de serviços, adoraria trabalhar de graça numa equipe multidisciplinar, só pra conhecer o processo e entender como funciona. Realmente não teria confiança de entregar um bom trabalho, porque nunca fiz algo assim, mas sei que poderia contribuir de alguma forma, então aceitaria o desafio porque pra mim seria como fazer um curso nessa área, sem pagar nada, aprender com os profissionais no dia a dia, ver a prática acontecendo. O mesmo se aplica por exemplo quando uma empresa de design me contrata para fazer parte de uma equipe que vai criar um projeto que tem muita inovação tecnológica (displays com projeção, tecnologias de proximidade, com beacons e geofence por exemplo). Eu nunca atendi um cliente final assim, sei que posso aprender, mas não estou pronta… então entraria também nessa equipe até de graça, porque também vejo como investimento.

      Mas realmente, como vc disse tem muita gente que não valoriza a nossa profissão por aí (os picaretas). E em alguns casos a gente só piora essa situação trabalhando de graça. Então tem que avaliar bem o que será desgastante e o que é investimento pra vc. E aí participar ou não.

      Um abraço.
      Elize

  2. O Tema deste artigo foi maravilhoso para mim, hahahaha. Tirou bastantes duvidas da minha mente.

    A um tempo atrás eu fiz a nova marca de uma Academia onde eu trabalhei, no começo o meu ex-patrão não queria me contratar para fazer a nova identidade, então acabou contratando um “sobrinho” pagando apenas R$35,00 para fazer apenas a logo, quando ele me mostrou a primeira imagem que o “sobrinho” mandou, eu pensei assim: ” Essa academia é uma das maiores aqui por onde eu moro, sei que vou me encher de trabalho se eu me oferecer para fazer a logo, mas vai valer a pena.” Então eu falei para ele que poderia deixar comigo que eu mesmo iria fazer, pois então foi desse jeito… Fiz a identidade visual completa da Academia, banners, papelaria, tudo kkkkkkkk e onde a minha marca ficou exposta foi no banner principal que mede 4Mx5 que fica na parte da frente da academia. Apenas deixei minha marca e meu numero de telefone. Hoje por onde eu passo por onde eu moro as pessoas falam: ” nossa foi você que fez a marca da UBERFIT né? Gostei do seu trabalho, se eu precisar de algo serviço já sei contratar.” E também eu não pago academia a 1 ano, que no caso isso foi um bom negocio para mim, pois o valor anual de lá é R$900, além do reconhecimento, tenho a academia livre

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