Já ouviu falar da tendência redutiva no Design? Vivemos na era da valorização do estilo ‘clean’ há um bom tempo, quando o assunto é design. Eu por exemplo, sou um fundamentalista do simples. Mas façamos uma reflexão: O que vem a seguir? Qual a próxima tendência de design?
Nos últimos meses, líderes inovadores do design tem apresentado o que parece ser o próximo nível de um ‘design minimalista’. As equipes de Experiência do Usuário de Facebook, AirBnB e Apple, por exemplo, parecem seguir uma cartilha bastante similar, simplificando as interfaces de seus produtos de forma a emplacar uma nova tendência.
É uma Tendência Redutiva aplicada a todos os elementos que integram uma interface ou interação, como batizou Michael Horton neste post (Complexion Reduction no inglês).
O que é essa tal Tendência Redutiva?
O tema tem sido tratado amplamente por pensadores do Design. Você pode tê-lo conhecido por Progressive Reduction também, mas prefiro Complexion Reduction. Por isso adaptei a tradução que uso por aqui.
O conceito dá nome ao fato de que as interfaces de nossos apps favoritos tem se tornado cada dia mais parecidas. É como se fossem criadas ou gerenciadas por uma mesma marca. Parece tudo a mesma coisa. Tudo parte de uma grande identidade visual que tomou de assalto as lojas de aplicativos do mercado.
Todas as interfaces agora são discretas, primariamente brancas e em tons de cinza. As funcionalidades são bastante explícitas e os ícones simples, deixando todo o ‘brilho’ pro conteúdo por si só.
Em que consiste a tendência de design redutiva ou Progressive Reduction:
- Chamadas grandes, destaque para tipografia;
- Ícones mais simples e universais;
- Extração de cores.
Nunca parou pra pensar nisso? Dá uma olhada nas interfaces a seguir:
E essa tendência de design é ruim?
Não necessariamente! Mas é importante o suficiente para nos fazer pensar a respeito.
Estes redesigns certamente evoluíram por tal caminho pelo feedback e reviews dos usuários, sem falar da imensa medição e análise de resultados.
E o que isso significa?
Significa que tais designs funcionam muito bem, ainda que padeçam de uma certa ‘falta de identidade’, o que é óbvio.
Sua opinião pessoal sobre esta ‘marcha monocromática’ é outra questão. Também acho um pouco pobre inicialmente mas é preciso pensar nos motivos das coisas serem como são.
Fica evidente, porém, que essa evolução é sinal de progresso. Ela evidencia que o Design de Produto vem evoluindo, saindo daquele mindset antigo, caminhando para soluções mais voltadas para o usuário e menos pro feeling criativo de quem produz. Esta simplificação progressiva pavimenta de vez o objetivo final dos designers de interface:
Devemos criar melhores produtos para nossos usuários, não pra nossos portfólios ou para o Dribbble.
Para onde vamos daqui?
Na verdade este é o ponto desta postagem.
Que isso tem acontecido, é fato. Que vai continuar, também. Mas e aí, onde vamos parar?
Não tenho respostas prontas pra isso.
Minha ideia é justamente gerar o assunto, apresentar argumentos e ajudar quem me lê a desenvolver teses e discutir.
Penso que certamente essa prática é um game changer no design de interfaces e não uma moda passageira. É aquele escorregão do defensor que cede o gol ao adversário nos minutos finais da partida. E muda o jogo.
Voltando ao nosso assunto, prevejo que essa simplificação vai mudar as coisas, definitivamente. E vai acabar nos levando ao fim daquelas horas divertidas no Photoshop, no Sketch, ou no Illustrator. O que é triste, mas é fato…
É possível que as coisas cheguem a um ponto que designers de interface não sejam mais necessários pois, afinal, não existirão interfaces. Ou ainda, que a coisa se simplifique tanto ao ponto de que, com um simples “passo-a-passo lógico”, alguém ou algo crie uma interface perfeita.
Mas não se desespere! Não é tão simples quanto parece substituir a mente humana em alguns processos do trabalho do designer. Mas o detalhamento disso também é papo pra outro artigo futuro.
O mais importante neste momento é percebermos o andamento das coisas e entrar no jogo. Como Projetistas que somos — e sim, essa é de longe a melhor tradução para o termo Designers — temos que focar em nossos projetos. Podemos compreender melhor suas necessidades e uso e nos adaptarmos acompanhando evoluções como essa Complexa Redução e outras que ainda virão por aí.
Continuemos tolos, continuemos famintos — disse um certo senhor que mudou a tecnologia do mundo em que vivemos. E eu jamais ousaria em discordar e seguirei sempre buscando e divulgando. Fique por perto!
Agradeço seus minutos de leitura. Se curtiu espalhe a palavra ou me mande um tweet de apoio ou questionamento, vai ajudar me motivando a escrever mais e melhor.
3 comments
A tal “simplificação” está chegando ao cúmulo da ocultação de informação. O tal “minimalismo” de menu, tópicos, e demais características de design tem dificultado uma navegação mais interativa para mera expectativa e observação sem interação ou feedback.
É um consumo de informação teleguiada sem reflexão e de forma mais robotizada.
Eu sou favorável ao visual clean, mas a interação com o usuário deve ser mais humana e menos mecanizada, acredito que haja um certo exagero nesta “limpeza”
Ótimo Artigo!!!
Muito útil!